Tal qual o oceano, a vida é um mistério profundo
Vai-se navegando a esmo em águas imprecisas
De mar muitas vezes bravio
Suportando afundamentos e naufrágios
Mas se desfrutando também de agradáveis mergulhos
Unidos à sensação extasiante de estar ao sol
Ou à leveza de sentir a chuva passear pelos contornos do corpo
Nessa contínua e vasta embarcação há muitos nautas
Uns inconformados com a incerteza da rota
Outros entregues à aventura de navegar sem rumo
Entre eles, uma amável mareante
Marinha, devota das águas, faz do oceano a sua religião
Entrega-se ao seu enigma e vive feliz a admirá-lo
Até o dia em que decide existir nele
A bela, fascinada com o marulhar, joga-se às ondas
Atravessa o litoral e é atravessada por ele
Depois desse mergulho, não mais consegue voltar
Sofre apneia fora d’água, só sabe agora respirar no mar
Pequena dentro do oceano, mas imensa junto a ele
Torna-se estrela, uma estrela-do-mar
(em memória de Joana Colares)
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